☆ Lendas Japonesas ☆ - Yuki-Onna e o jovem Minokichi


Olá Pandinhas (◕‿◕✿) ~Haruna Chan
Sabem que dia é hoje? Sim, é Domingo, dia de mais uma lenda japonesa (≧ ∇ ≦) Na semana passada apresentei-vos um yōkai, a Yuki-Onna,  o espírito da neve. Quando vos falei dela, disse-vos como este yōkai podia ser mau e cruel, no entanto, também tem um lado bom. A lenda que vos vou contar hoje baseia-se no lado bondoso da Yuki-Onna e conta como ela poupou a vida de um jovem rapaz.
Contam que há muito tempo, viviam dois caçadores numa calma aldeia japonesa. Mosaku era um velho ancião e Minokichi, seu filho, era um belo jovem de apenas dezasseis anos de idade. Todos os dias eles saiam juntos para caçar coelhos e outros pequenos animais na floresta.
Numa certa noite de Inverno, Mosaku e Minokichi estavam a caminho de casa quando foram apanhados por uma terrível tempestade de neve, que ofuscava a vista, impedindo-os de sair da floresta.

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Ambos ficaram muito preocupados devido ao vento e à neve que podia congela-los. Eles andaram na floresta às cegas no meio da tempestade congelante, que os castigava. Mas, felizmente, conseguiram avistar uma cabana através da nevasca.
A cabana, que ficava no alto de uma montanha, era pequena e estava abandonada. Estranhamente não havia lareira e nada com que pudessem fazer uma fogueira. Contudo, estavam conformados, pois aquela casa iria servir-lhes de abrigo apenas por aquela noite ou, pelo menos, até que a tempestade cessasse.

Eles deitaram-se para descansar. O velho pai caiu num sono profundo logo após deitar-se, mas o jovem Minokichi permaneceu acordado, ouvindo o vento que assobiava através das velhas tábuas soltas da cabana, que balançava e rangia com a tempestade. Porém, apesar do frio e dos barulhos assustadores, ele foi vencido pelo cansaço e conseguiu adormecer.

De repente, Minokichi foi acordado após sentir a neve cair sobre o seu rosto. Quando abriu os olhos viu que a porta da cabana, que ele e seu pai tinham selado para evitar que o vento frio e a neve invadissem a pequena cabana. Foi então que ele avistou uma estranha figura em pé sob o luar. Era uma bela mulher trajada num esvoaçante kimono branco.

A mulher estava debruçada sobre o seu pai, que estranhamente continuava a dormir enquanto ela inspirava e expirava sobre ele. A sua respiração era como uma fumaça branca e brilhante. Momentos depois, ela virou-se para Minokichi e inclinou-se sobre ele, que, apavorado, tentou gritar, mas descobriu que não conseguia emitir um único som.
A mulher, de pele pálida, curvou-se lentamente sobre ele, parando somente quando as suas faces quase se tocavam. Ela era extremamente bonita, mas os seus olhos possuíam uma cor estranha, semelhante a um amarelo dourado, que brilhava a ponto de ofuscar a vista.

Minokichi estava apavorado. Depois de alguns instantes, a mulher virou-se até o ouvido do jovem e sussurrou: “Eu sou a Bruxa da Neve! Estava pronta para matar-te, mas reparei que és um jovem muito bonito e, por isso vou deixar-te viver. Porém há uma condição. Não podes contar a ninguém o que viste aqui. Caso o faças morrerás. Nunca te esqueças deste aviso.”
Dito isto, a mulher flutuou até a porta, acabando por desaparecer, deixando atrás de si um brilhante rasto sobre a neve.

Assim que ela desapareceu, Minokichi levantou-se e correu até a porta, de onde ele olhou na tentativa de vê-la, mas ela estava longe de ser avistada, ainda mais com a tempestade de neve, que continuava forte e começava a invadir a velha cabana através da porta aberta.
O jovem, que parecia estar em transe, recuperou a consciência e fechou a porta, fixando os seus pensamentos no que a Bruxa da Neve lhe tinha dito. Porém, ele começou a questionar-se sobre o ocorrido, ponderando sobre o que presenciou pudesse ter sido um mero sonho. “Talvez a Bruxa da Neve seja um fruto de minha imaginação”, pensou Minokichi.
Após esses pensamentos reconfortantes, caminhou em direção ao seu pai e chamou-o, mas o velho Mosaku não respondeu. O jovem tocou no rosto do pai e verificou que estava completamente gelado. O velho Mosaku havia morrido.

Ao amanhecer, a tempestade de neve havia cessado e o jovem viu-se obrigado à triste tarefa de arrastar o corpo congelado do seu pai até a vila. Ele ficou tão arrasado com a morte do pai que permaneceu doente por um longo tempo.
Contudo, as palavras da bruxa continuavam presentes na sua mente. Minokichi, temendo que a bruxa voltasse para matá-lo, manteve segredo sobre o ocorrido naquela noite. A polícia assumiu que o velho Mosaku morreu devido de frio e nunca mais lhe fez qualquer pergunta.

Tempos depois, após restabelecer a saúde, Minokichi voltou a caçar na floresta. De qualquer forma, ele tinha o dever de colocar comida em casa. Mas agora estava sozinho, sem a ajuda do seu falecido pai.
Mas ele ainda temia a Bruxa da Neve, por isso passou a voltar da floresta antes do anoitecer, sempre com os coelhos que caçava para a sua mãe cozinhar.

Um ano depois, no meio do Inverno, quando estava a caminho de casa, Minokichi conheceu uma jovem. Ela era alta e muito bonita. Enquanto caminhavam juntos em direção à vila, eles começaram a conversar. A jovem disse que seu nome era O-Yuki e que havia perdido os pais recentemente. Ela estava a caminho da casa de seu tio, onde esperava viver por um tempo até que pudesse encontrar emprego para poder sustentar-se.
Minokichi sentiu-se muito atraído pela estranha, porém bela, jovem, que por sua vez também pareceu atraída pelo rapaz. Então, por algumas semanas, eles passaram a encontrar-se no mesmo local em que se conheceram e acabaram por se apaixonar.

Certo dia, Minokichi perguntou se O-Yuki aceitaria jantar em sua casa para que ela pudesse conhecer a sua mãe. Depois de alguma hesitação, ela aceitou o convite. A mãe do jovem achou-a muito bonita e amável e pouco tempo depois eles se casaram e O-Yuki foi morar para casa do rapaz.
Logo após a morte da mãe de Minokichi, a sua esposa passou a engravidar consecutivamente. O casal teve muitos filhos. As crianças chamavam a atenção por serem muito bonitas e de pele clara como a neve.

As pessoas da vila achavam O-Yuki uma pessoa maravilhosa por natureza, diferente da maioria das aldeãs, que envelheciam mais cedo. Mas O-Yuki, mesmo depois de tornar-se mãe de dez filhos, parecia tão jovem como no dia em que chegara à aldeia.

Certa noite, depois das crianças terem ido dormir, O-Yuki estava costurando sob uma lamparina com armação de papel de arroz. Então Minokichi, que a observava com os olhos cheios de ternura, disse-lhe: “Ver-te assim, a costurar enquanto a luz ilumina teu rosto, fez-me lembrar de algo muito estranho que me aconteceu quando eu era um rapaz. Eu vi uma mulher tão linda e branca como estás agora. Na verdade, ela era muito parecida contigo.”

Sem levantar a cabeça ou tirar os olhos de sua costura, O-Yuki perguntou:
“Diz-me como ela era… Onde é que a viste?”

Minokichi contou-lhe sobre a terrível noite na velha cabana abandonada. Também contou os detalhes sobre a mulher branca sussurrando no seu ouvido e sobre a morte silenciosa de seu pai. Depois ele disse-lhe: “ Eu não sei se foi um sonho, mas essa foi a única vez que vi um ser tão bonito como tu. Porém, é claro que ela não era um ser humano, e eu tive muito medo dela. Mesmo muito medo.”

Assim que o jovem terminou de contar a estanha história, O-Yuki jogou a costura ao chão, levantou-se, inclinou-se sobre ele e gritou: “Fui eu! Eu era a Yuki, eu sou a Yuki! Eu disse que te mataria que contasses isso a alguém. Mas, por causa daquelas crianças que estão dormir,não te matarei neste momento. E de agora em diante é melhor tomares muito, mas muito cuidado com eles, pois se alguma vez, por qualquer motivo ou razão, os maltratares, eu irei tratar-te como realmente mereces!”

Mesmo quando gritava, a sua voz era frágil e fina, como o choro do vento. E logo após dizer-lhe aquelas tristes palavras, ela derreteu-se numa névoa branca e cintilante, que evaporou por entre o telhado.
Desde então, Yuki-Onna nunca mais foi vista, pois Minokichi sempre foi um pai dedicado e extremamente amável para com os seus dez filhos.



E chegamos ao fim de mais uma lenda japonesa.
Espero que tenham gostado.
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Bye bye...

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